A Diretoria do Jardim França foi ao Japão na vivência pedagógica organizada anualmente pela Unesco. Algumas escolas associadas são convidadas a conhecer escolas de outros países para trocar experiências e saber como a educação é trabalhada ao redor do mundo. Este ano, o país escolhido foi o Japão, onde está a maior concentração de escolas associadas à Unesco.
Adriano Castanho, diretor geral, Roberta Mardegam, diretora pedagógica, e Rosa Maria Castanho, mantenedora, foram ao país do sol nascente. Visitaram escolas e o Ministério da Educação, Cultura, Ciências e Tecnologia. E o aprendizado que trouxeram de lá vai muito além do sistema educacional. “A organização e o respeito – a tudo e a todos – é o que faz o sucesso do Japão como um todo”, afirma Roberta.
As escolas e o ensino
No Japão, a educação básica é totalmente pública, porém a educação infantil é oferecida apenas pelo segmento privado. Assim, a menos que a família opte por uma escola internacional ou por educar seus filhos através de organizações não governamentais, as crianças têm acesso à educação gratuita e de qualidade.
“Eles primam pela autonomia das crianças – um aluno proativo, interativo e com ensino autêntico”, lembra a diretora pedagógica do Jardim França. “As crianças se organizam e encontram soluções para os problemas sozinhas”.
A organização e o respeito estão presentes a todo momento. “As escolas são muito antigas, mas é tudo muito bem conservado. E quem faz essa conservação são os próprios alunos. Eles sabem que aquele espaço é comum e por isso eles têm de cuidar muito mais do que se fosse só deles. E cuidam mesmo – limpam, arrumam, lavam, organizam”, conta Roberta, admirada.
Em relação ao ensino, matemática e linguagens têm um método bastante tradicional. Já o ensino de Estudos Sociais – que engloba Ciências, Geografia e História – é mais interativo, baseado em projetos. “Ao desenvolver os projetos, os alunos vão aprendendo os conceitos necessários com base em suas próprias conclusões”.
A partir do 7º ano até o Ensino Médio, os alunos têm acesso à mais alta tecnologia. “Um exemplo que me chamou muito a atenção foi um biocombustível desenvolvido por eles e que já ganhou seis vezes o prêmio nacional da Honda. Com este combustível, o carro andou mais de dois mil quilômetros com um litro”, ressalta Roberta. “São projetos muito interessantes que estimulam a criatividade e ensinam muito aos alunos. Tudo graças ao acesso à tecnologia de ponta”.
O professor
“O respeito ao professor foi um dos pontos que mais me impressionaram”, afirma a diretora. No Japão, os cumprimentos são com a inclinação da cabeça. Uma inclinação de 15° é para um conhecido, 30° é para uma pessoa que está acima da sua posição social e a inclinação máxima, de 45°, é para o imperador, governador ou professor. “Eles colocam o professor no mesmo patamar do imperador do país. Ou seja, o professor é a pessoa mais importante da sociedade, uma vez que ele formará as outras pessoas”.
Organização e respeito
“O maior aprendizado desta vivência pedagógica é que a organização e o respeito levam uma pessoa – ou um país – ao sucesso. O Japão é este país exemplar porque tem uma organização pautada no respeito a tudo e a todos – respeito pelo outro, pelo espaço coletivo, pelas normas e regras etc.”, destaca Roberta Mardegam.
Um exemplo disto está na organização atual para a formação de novos agricultores. Em uma pesquisa, o país constatou que apenas 1,5% da população trabalha no campo e que a grande maioria dos agricultores já está com 68 anos ou mais. Diante disso, o Japão está desenvolvendo cursos e incentivando os jovens a se tornarem agricultores.
“Eles trabalham de acordo com a demanda do país e não apenas formam profissionais aleatoriamente”, diz a diretora. “O Japão tem um espaço físico muito restrito e uma população muito numerosa, mas eles se organizam para que o país funcione perfeitamente. É impressionante!”.